No dia 18 de julho, cerca de 65 pessoas participaram do evento que abordou “Concreto Projetado: compatibilidade cimento/acelerador, microestrutura e propriedades mecânicas” no Instituto de Engenharia. Idealizado pelo grupo de jovens tuneleiros do CBT (CBT Young Members) com apoio do IE, o evento contou com as palestras do engenheiro e professor Antonio Domingues de Figueiredo e do químico Renan Picolo. “A abordagem desse tema é importante principalmente porque é algo pouco estudado durante a graduação em engenharia civil”, comenta o vice-presidente do CBTYM, Alex Nowak La Flor. “Neste sentido, as palestras foram muito esclarecedoras”.
O primeiro convidado a palestrar foi Antonio Figueiredo. O professor da USP abordou a avaliação de compatibilidade de cimento aditivo. “É fundamental que o concreto projetado para revestimento de túneis tenha elevada resistência nas primeiras idades”, explicou Figueiredo. “Isso se obtém com o uso de aditivos aceleradores. Há vários tipos de aditivos aceleradores, no entanto, a compatibilidade deles com o cimento não é um sistema fácil de analisar”.
Para embasar a ideia, Figueiredo expôs dois métodos. “O primeiro enfoque é o que eu chamo de antigo, aquilo que a academia começou a desenvolver há muitos anos, mas que, infelizmente, ainda não é prática do mercado utilizar. O outro é o que temos de visão de futuro, que foi originado do trabalho do Renan”.
Em seguida, foi a vez do químico e doutor em engenharia civil, Renan Picolo, abordar a aplicação do concreto projetado especificamente para revestimento de túneis e a estabilização de escavação em maciços. Na foto à esquerda, da esquerda para a direita, os palestrantes Renan Picolo e Antonio Figueiredo, Alex Nowak La Flor e Fernando Abreu, vice-presidente e presidente do CBT.
Picolo também falou sobre como todos os processos químicos e físicos que envolvem a aplicação influenciam a evolução de resistência mecânica do revestimento aplicado.
“Existe uma grande falta de conhecimento nessa área”, esclareceu. “A interface entre química e engenharia civil não é muito fácil de se estabelecer. Então é bastante importante que se tenha um conhecimento inicial para evitar desperdício na hora da aplicação do concreto e para aumentar a segurança da obra. Toda a questão inicial da avaliação de compatibilidade entre materiais interfere na durabilidade total do revestimento. Se soubermos quimicamente o que acontece, conseguimos estabilizar o processo desde a inicialização até a vida útil total do elemento”.
De acordo com Antonio Figueiredo, “o objetivo das palestras foi mostrar que temos hoje uma capacitação técnico-científica muito mais robusta, além afirmar que é possível a transferência dessa tecnologia para o mercado de forma a conseguir a otimização das práticas atuais – ou seja, fazer com que o mercado evite trabalhar com ‘caixas pretas’, com dosagens pré-estabelecidas, para que o produto tenha uma maior garantia e também que os custos da obra sejam reduzidos”, comentou o professor Figueiredo.
Para Renan Picolo, investir na educação de jovens engenheiros é o que garante que as boas práticas da engenharia sejam de fato aplicadas. “Como somos mais novos, também estamos mais abertos a escutar e receber informações. É importante ajudar estudantes que estão começando nessa área, os futuros profissionais, para estabelecer as melhores práticas, ensinar o que é mais adequado para seguir em frente”.
Figueiredo também concorda que disseminar conhecimento a jovens engenheiros é a aposta certa para garantir um setor mais bem desenvolvido. “É fantástico falar com os engenheiros mais jovens. É um público mais aberto às inovações tecnológicas. Sempre frisamos que há ainda muito a pesquisar e a desenvolver e o jovem tem afinidade com essa ideia. É o que me anima, o que incentiva a minha carreira como professor”.
Neste sentido, de acordo com Alex Nowak, o CBT Young Members está cumprindo com seu objetivo. “A missão do Young Members é justamente essa: trazer e discutir temas de relevância para agregar bons conhecimentos à parcela mais jovem da comunidade técnica”.