Tarcísio é professor doutor do Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, com experiência na área de mecânica de rochas e forte atuação nos setores de túneis, mecânica das rochas, concreto projetado, barragens e aplicações de métodos numéricos. Sua principal atribuição na ITA é conduzir o conselho executivo composto por quatro vice-presidentes, oito membros e um diretor executivo, para discutir e criar ações como o processo de revisão das publicações dos grupos de trabalho e comitês e meios para aprimorar seu funcionamento.
“A população urbana mundial irá quase duplicar nas próximas quatro décadas e esse crescimento requer um aumento significativo de instalações subterrâneas”, estima Tarcísio. A ITA tem o papel de indicar às instituições públicas e representantes da sociedade as melhores soluções técnicas para a infraestrutura urbana subterrânea.
“Num passado remoto, vimos muitos esforços e recursos serem gastos em projetos concebidos erroneamente em vários países, como vias elevadas que anos mais tarde foram destruídas e transferidas para o subsolo. Com os projetos concebidos corretamente por especialistas e discutidos com representantes das instituições públicas, não há prejuízos decorrentes de soluções erradas e a sociedade obtém os melhores resultados”, argumenta Tarcísio.
Entre os grupos de trabalho da ITA destacam-se os de Pesquisa, Práticas Contratuais, Túneis Imersos, Túneis Mecanizados e Túneis Convencionais. Entre os Comitês, o de Educação e Treinamento tem como atividades principais organizar cursos sobre assuntos ligados a obras subterrâneas e congregar numa rede os programas de pós-graduação em túneis ao redor do mundo, que foram reconhecidos e endossados pela Associação.
“A ITA e seus comitês não têm poder normativo, mas os resultados dos trabalhos produzidos no âmbito da Associação por professores e profissionais de centros de pesquisa renomados, como o Centre d’Etudes des Tunnels (CETU), localizado na França, e a Research Association for Underground Transportation Facilities (STUVA), localizada na Alemanha, são adotados pelos órgãos normativos. Por exemplo, o impacto positivo das medidas adotadas na diminuição dos incêndios em túneis depois dos sérios acidentes do final do século passado foi inquestionável”, explica Tarcísio.
Brasil precisa atentar para obras subterrâneas
O presidente chama a atenção para um problema persistente do poder público brasileiro, bem como de investidores privados, com relação à parte executiva das obras. “Há casos de contratação de construção de túneis sem sequer constar um projeto básico de engenharia. Não levam em conta as peculiaridades de contratação de obras subterrâneas. A experiência tem mostrado que o procedimento para contratar uma obra de túnel deve ser substancialmente diferente de qualquer outra obra civil. Muitos países já reconheceram isto e têm até legislação específica”, sublinha Tarcísio.
A legislação de cada país tem peculiaridades convergentes no âmbito internacional e o Brasil destoa dos demais nesse aspecto. “Espero que algumas entidades brasileiras se lembrem mais que existem obras subterrâneas, um segmento da engenharia tão importante e às vezes maltratado. Nosso volume de obras subterrâneas tem crescido, mas ainda é muito pequeno quando comparado ao de outros países semelhantes. Isso significa que continuamos construindo na superfície o que, a longo prazo, custaria menos e funcionaria melhor em subterrâneo”, adverte.
Sobre a ITA
A ITA congrega 72 países e suas respectivas associações profissionais de túneis, como o CBT no Brasil, ligado à Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS).
O objetivo é promover o uso do espaço subterrâneo, o progresso das técnicas de projeto e construção dessas obras e a integração de acadêmicos, profissionais e a indústria. “É importante manter equilíbrio entre a indústria, que oferece muito em termos de desenvolvimento tecnológico. Com a academia e os pesquisadores, a interação é essencial para manter a isenção e reputação da associação”, explica Tarcísio.
Intercâmbio permanente com o CBT
Os laços da ITA com o Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) foram estreitados por ocasião do congresso mundial de túneis que o Brasil sediou pela primeira vez em 1998. André Assis foi membro do Conselho Executivo da associação desde antes da realização do congresso. André também presidiu a entidade internacional, sempre contando com o apoio do CBT e a partir daí a parceria foi reforçada. Hoje a história se repete, com Tarcísio eleito presidente da ITA, o que reforça a relevância do CBT no contexto científico e profissional no segmento mundial de túneis.
No ano de 2009 o CBT se tornou sócio fundador do Comitê de Formação e Treinamento da ITA. Conhecido como ITACET, o grupo é responsável pela promoção de cursos de especialização em túneis para empresas e países de todo o mundo.
Além disso, nos anos de 1998 e 2014 o CBT organizou o Congresso Internacional de Túneis da ITA, sendo a edição de 2014 em Foz do Iguaçu (PR).