v:* {behavior:url(#default#VML);} o:* {behavior:url(#default#VML);} w:* {behavior:url(#default#VML);} .shape {behavior:url(#default#VML);}
Antonio Domingues de Figueiredo é o terceiro entrevistado da série de reportagens “Túneis e Estruturas Subterrâneas – o pensamento e a pesquisa das universidades brasileiras”, promovido pelo CBT. Professor associado da Escola Politécnica da Universidade da São Paulo (POLI-USP), Figueiredo sugere o engajamento da comunidade tuneleira nos movimentos contrários ao corte de verbas para pesquisas. “Vivemos uma situação de alto risco que pode comprometer o futuro das atividades de pesquisa”, sustenta o professor na entrevista apresentada aqui.
Crédito da foto: Jéssica Bragatti
A formação em túneis não é uma tradição nos cursos de graduação em universidades brasileiras. Na verdade, os profissionais que pretendem seguir nesta área devem procurar conhecimento complementar, além do curso de graduação em Engenharia Civil. “Aliás, o engenheiro tem a obrigação de manter-se atualizado tecnicamente, uma vez que a tecnologia está em constante evolução, afetando diretamente a prática da engenharia”, afirma Antonio Figueiredo.
Os cursos, workshops, seminários e congressos técnicos organizados pelo Comitê Brasileiro de Túneis buscam suprir esta lacuna do mercado tuneleiro. “Essa é uma atividade essencial e preciosa do CBT, que deve ser continuamente estimulada. E creio que é uma das principais fontes de capacitação técnica de profissionais tuneleiros, em conjunto com a importantíssima experiência prática e o auto aprendizado”, complemente o professor.
Ainda neste sentido, Figueiredo acredita que o fortalecimento de centros de pesquisas em obras subterrâneas é outro caminho muito importante. “Uma vez fortalecida a pesquisa, cria-se a oportunidade de orientar trabalhos de conclusão de curso, iniciação científica, mestrados e doutorados que servirão de poderosa via de formação de pessoal”.
No entanto, o que acontece no Brasil hoje é um forte corte de verbas de pesquisas governamentais. “Vivemos uma situação de alto risco que pode comprometer o futuro das atividades de pesquisa. Gostaria muito que a comunidade tuneleira se juntasse ao coro dos que protestam contra esses os cortes de verbas”, explica Figueiredo. v:* {behavior:url(#default#VML);} o:* {behavior:url(#default#VML);} w:* {behavior:url(#default#VML);} .shape {behavior:url(#default#VML);}
“Fazer pesquisa tem um custo, que é muito mais baixo do que o custo de realização de uma obra subterrânea e, por consequência, ínfimo perto do custo de manter cidades como São Paulo nesta condição de carência de linhas de Metrô, por exemplo. A pesquisa deve ser considerada como um investimento necessário para o desenvolvimento sustentável da própria região metropolitana”.
Pesquisas na POLI-USP
Mesmo diante do cenário de cortes de verbas, a engenharia da USP continua com algumas linhas de pesquisas. Atualmente, Antonio Figueiredo coordena algumas pesquisas focadas em aplicação para túneis.
“Meu principal foco é o uso de fibras para o reforço do concreto. Neste sentido, desenvolvemos recentemente uma pesquisa com o Consórcio Andrade Gutierrez/Camargo Correa, encarregado da construção de um lote da Linha 5 do Metrô de São Paulo. Nesse projeto, estudamos diferentes sistemas de reforço para os anéis segmentados, bem como novos sistemas de controle do concreto com fibras destinados à produção desses segmentos. Hoje estamos estudando o efeito de elevadas temperaturas no comportamento do concreto reforçado com fibras de aço ou macrofibras poliméricas destinadas à produção desses segmentos”.
Os primeiros resultados desta pesquisa, que teve apoio da FAPESP, serão publicados no início deste ano. Mas a pesquisa continua e conta agora com uma parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).
Outro campo de pesquisa levado à frente por Figueiredo é o de controle do concreto projetado reforçado com fibras. Já existe um trabalho de mestrado desenvolvido na área. O que o grupo de pesquisa busca agora é aumentar o poder de controle do comportamento desse material.
“O objetivo principal é validar ensaios que nos permitam qualificar estruturalmente o concreto projetado reforçado com fibras a partir de testemunhos extraídos da própria parede do túnel. Atualmente, o controle do material é restrito aos testemunhos obtidos a partir da moldagem de placas”.
Figueiredo e sua equipe estão ainda iniciando um projeto para avaliar a cinética de ataque de sulfatos ao concreto projetado.
“Este projeto é uma continuidade de um trabalho de doutorado desenvolvido na Universidade Politécnica da Catalunha, em Barcelona, que tive a felicidade de coorientar e que avaliou aditivos aceleradores para concreto projetado em termos de cinética de hidratação e de sua influência na microestrutura do material e, por consequência, no desenvolvimento do seu comportamento mecânico. Esta pesquisa já propiciou a publicação de uma série de artigos internacionais e agora está focada na avaliação de mistura contendo escória de alto forno, algo que é muito relevante para a condição nacional”.
O futuro da indústria tuneleira no mundo
Figueiredo acredita que existem alguns caminhos que a indústria de túneis no mundo deveria seguir no que diz respeito à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico.
O primeiro deles é o da sustentabilidade. Para o pesquisador, é importante que se procure produzir túneis que, além de seguros e eficientes, utilizem o mínimo de material natural possível para preservar as reservas não renováveis. E, por outro lado, que utilizem o maior volume possível de material reciclável desde que seja viável técnica e economicamente. Um túnel em rocha também tem que ser um grande produtor de agregados para concreto. O ideal é que ele seja autossuficiente em termos produção dos agregados a serem utilizados na obra e forneça o volume excedente para outras aplicações.
Outro campo de investimento, de acordo com Figueiredo, seria a modelagem de túneis. “Aspectos como estabilidade estrutural, otimização das condições de produção e durabilidade são fundamentais e ainda carecem de modelos que permitam otimizar as nossas obras. Isto será essencial para o planejamento e projeto de obras subterrâneas no futuro. Mas, naturalmente, só faz sentido se as obras públicas forem executadas após um cuidadoso planejamento e a execução meticulosa do projeto”.
E, por último, o professor fala sobre os modelos de controle. Especialista em controle do concreto, Figueiredo afirma não estar satisfeito com os modelos disponíveis atualmente. “Há muitos executores que tratam do controle como mero custo, o que é lastimável. Afinal, obra sem sistema eficaz de controle não é obra de engenharia. Há muito o que desenvolver nessa área, que é uma das minhas prioridades de pesquisa”.
O Brasil e a (falta de) cultura de túneis
Para Antonio Figueiredo, o tamanho da economia brasileira descarta qualquer possibilidade quanto à carência de recursos para a execução de obras subterrâneas. “Nós temos recursos, mas eles são mal utilizados. Os escândalos de corrupção demonstram isso”.
As obras subterrâneas são bem aceitas pela sociedade brasileira. “Não há como negar que um imóvel se valoriza por estar próximo de uma estação de Metrô. Ou seja, a sociedade valoriza as obras subterrâneas e a inegável vantagem que elas geram para a metrópole”. A falta de obras subterrâneas no Brasil se resume, para o professor, em falta de vontade do poder público na tomada de decisões.
Para 2018, quando o país espera uma retomada no crescimento econômico, Figueiredo acredita que o ponto mais importante é a mudança de valor que a sociedade brasileira almeja.
“Não podemos ser coniventes com as práticas dos governantes e dos executores de obras importantes para o país que, atualmente, viraram sinônimo de corrupção. Para melhorar este quadro é fundamental o investimento em tecnologia. É a boa prática de engenharia e o investimento em pesquisa e desenvolvimento que podem trazer evolução para o mercado”.
O pesquisador lembra também da importância do projeto. “Não é admissível que obras de infraestrutura se iniciem sem um projeto muito bem qualificado. A racionalidade vem do planejamento minucioso e do projeto apurado. Aí a qualidade do conjunto de obras é consequência.
A comunidade tuneleira tem que exigir do Poder Público que mude a forma de contratação dessas obras, garantindo a execução de um bom projeto, e a vinculação da obra a um seguro para evitar maiores riscos para o patrimônio público. A indústria tuneleira brasileira tem elevado nível de capacitação e isso tem que ser posto em prática”.
Normal 0 false 21 false false false PT-BR X-NONE X-NONE /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:8.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:107%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri",sans-serif; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;}