O desempenho produtivo da escavação foi fator relevante na construção da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca – Ipanema) na Zona Sul da cidade. Esse foi um dos pontos ressaltados pelo engenheiro Alexandre Mahfuz, do Consórcio Linha 4 Sul, durante a palestra “TBM EPB e anéis em concreto para sistema shield no Metrô do RJ”, realizada em 26 de agosto, durante a Concrete Show 2015.
Nessa obra, entre Ipanema e Gávea, toda a escavação está sendo feita de forma mecanizada, com 11,51metros de diâmetro. O trecho tem aproximadamente 5 quilômetros. O shield iniciou o percurso em solo rochoso, passando ao solo com areia grossa e pouca quantidade de grãos finos. A profundidade do túnel variou de 12 a 18 metros, abaixo do lençol freático, que está entre três e quatro metros da superfície.
A Fábrica de Aduelas completou sua produção em julho de 2014, com 2.574 anéis de concreto. Alexandre conta que 81 segmentos foram produzidos diariamente, uma média de 10 anéis, sendo que o recorde na produção foi de 114 segmentos em um dia.
“O tempo normal de execução por segmento é de 8 a 12 minutos e o tempo total de produção foi de 283 dias, com equipe de 200 funcionários divididos em dois turnos”, diz ele.
A escavação avançava em uma média diária de 10 anéis, mas já chegou a 19 aduelas, o equivalente a quase 35 metros de túnel em um dia.
O tempo médio do avanço da escavação em areia foi de 55 minutos por anel e o tempo médio de montagem do anel, 25 minutos. “O monitoramento de superfície ocorria em tempo real e percebíamos recalques bem baixos, de 6 a 8 milímetros durante a escavação em areia”, informa.
Em uma obra deste porte, a realização de monitoramento e vistorias nos imóveis do entorno das escavações dos túneis e estações é rotina. As vistorias são feitas nos imóveis e estruturas dos edifícios para verificar suas condições antes da escavação dos túneis e das estações. Os prédios receberam pinos de recalque e clinômetros – que possibilitaram o acompanhamento de como as edificações se comportavam antes e durante as obras. No início das intervenções, as análises eram semanais. Com o andamento da obra, elas poderiam ser realizadas várias vezes ao dia. Todas as medições realizadas estão dentro dos limites esperados.
Anéis pré-moldados com oito segmentos
Os moldes para a produção dos anéis foram fabricados sob medida na Alemanha, pela empresa Herrenknecht – Tunnelling Systems, responsável também pelo ‘Tatuzão’. Os anéis
A fábrica tinha ao todo cinco conjuntos de moldes, cada um com oito formas, e a produção das aduelas funcionou em “sistema de carrossel”, processo semelhante a uma linha de montagem de automóveis. De aço, cada uma das formas confeccionava um segmento do anel.pré-moldados foram construídos em paralelo ao processo de escavação e possuíam oito segmentos dimensionados conforme as características do solo e também levando em consideração as circunstâncias de transporte dentro de um grande centro urbano. Cada anel pesa 62 toneladas.
Durante a palestra, Alexandre destacou a eficiência do sistema carrossel adotado para a construção dos segmentos dos túneis da Linha 4, método onde os moldes giram e os trabalhadores permanecem fixos durante os processos de produção.
Na primeira etapa do sistema de produção em carrossel era feita a limpeza do molde recém-desformado e, em seguida, aplicava-se o desmoldante para receber novo concreto. “Feito isso, vinha o controle de qualidade para a liberação do lançamento da armadura”, lembra Alexandre, informando que a etapa seguinte era a colocação da armadura, onde foi possível reduzir a quantidade de aço com a utilização de fibra.
“Aplicamos a macrofibra, que possui características estruturais capazes de reduzir o aço na armadura, e a microfibra, ideal para aumentar a resistência do concreto contra incêndios”, descreve Alexandre.
Em seguida, vinha a etapa dos inserts e controle de qualidade para liberação da concretagem. Quando a forma era fechada e a concretagem feita, o concreto era executado em camadas e consequentemente vinha o controle tecnológico do processo. O engenheiro Alexandre também descreveu outros processos consecutivos, como acabamento de limpeza dos moldes, cura térmica por um período de seis horas, desforma onde eram checados os resultados do ensaio e finalmente o içamento e a estocagem no pátio externo da fábrica.
Após passarem pela forma, os segmentos dos anéis seguiam até o túnel de cura, aquecido com temperatura entre 40 e 50 graus. No local, permaneciam por seis horas para acelerar a secagem do concreto. Ao sair do túnel de cura, os segmentos dos anéis eram levados para o setor de estocagem. Lá ficam por aproximadamente 28 dias para completar o ciclo da cura, ou seja, ganhar resistência e ficar pronto para uso.
Alexandre salienta que foram poucos os problemas relatados. De 22 mil segmentos produzidos, somente 23 apresentaram algum tipo de imperfeição.
Linha 4 do Metrô vai transportar mais de 300 mil pessoas por dia
A Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro é uma obra do Governo do Estado do Rio de Janeiro e vai transportar, a partir de 2016, mais de 300 mil pessoas por dia, retirando das ruas cerca de 2 mil veículos por hora/pico. Serão seis estações e aproximadamente 16 quilômetros de extensão.
A ligação metroviária entre Ipanema e Barra da Tijuca estará à disposição dos passageiros em junho de 2016, com o início da operação assistida, fora do horário de pico e com intervalos maiores no fluxo dos trens, para que os últimos ajustes operacionais sejam feitos. A operação comercial nos mesmos horários das demais linhas do metrô será iniciada em julho de 2016. A partir do ano que vem, será possível ir da Barra a Ipanema em 13 minutos e, da Barra ao Centro, em 34 minutos.