Estão em andamento os serviços iniciais da obra do novo túnel de passageiros que ligará as estações Consolação (Linha 2 – Verde) e Paulista (Linha 4 – Amarela) do Metrô de São Paulo. Atualmente, estão sendo desenvolvidas as atividades de instalação do canteiro de obras e a remoção de inferências na região onde a obra será implantada. A proposta do Túnel de Ligação foi anunciada em 2017, mas só em 2022 teve a autorização do governo paulista para o início das obras. Segundo informações do Metrô, serão investidos cerca de R$ 60,9 milhões na construção da passagem.
“A expectativa para o início das obras é grande e, evidentemente, é ainda maior para a conclusão”, afirma Pedro Teodoro França, diretor do CBT e da CJC Engenharia, responsável pela equipe que prestou consultoria ao desenvolvimento do Projeto Executivo da obra para o CONSÓRCIO TPC (Setec/Hidroconsult/Intertechne). O Projeto Básico foi desenvolvido pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (CMSP). “O Túnel de Ligação trará substancial aumento no conforto dos usuários que utilizam as Linhas 2 e 4, em uma das principais integrações entre linhas do Metrô de São Paulo”, afirma o engenheiro.
Finalidade do projeto
Por ser uma importante ligação entre linhas do Metrô, o fluxo de passageiros no atual túnel é intenso. A passagem recebe cerca de 18 mil pessoas por hora nos horários de pico. Desde a sua inauguração, diversas modificações foram feitas para melhor atender ao volume alto de passageiros e evitar acidentes.
A fim de diminuir o número de pessoas que transitam pela atual passagem, o novo túnel será destinado ao uso dos passageiros que se deslocam da estação Consolação (Linha 2- Verde) em direção à estação Paulista (Linha 4 – Amarela). Isso permitirá que a ligação já existente seja usada majoritariamente por pessoas que fazem o caminho contrário, da estação Paulista para a estação Consolação. Parte da ligação existente, que comporta maior vazão, permanecerá com fluxo bidirecional.
Interdição
Para a execução do projeto, o trecho da Avenida Paulista entre as ruas Bela Cintra e
da Consolação, na região central da cidade, será interditado. A previsão é de que a área permaneça bloqueada durante os próximos três anos, uma vez que o canteiro de obras será instalado na região.
Segundo o Metrô de São Paulo, os equipamentos de utilidade pública presentes na região, como pontos de táxi e bancas de jornal, foram realocados. O acesso de veículos será interrompido no retorno entre a Praça do Ciclista e a Rua da Consolação. No entanto, as passagens destinadas a pedestres e ciclistas serão mantidas.
Desafios técnicos
Do ponto de vista de projeto, o Túnel de Ligação é um grande desafio. “As escavações do tramo sul ocorrerão sob o túnel de via da Linha 2 a uma distância inferior a um metro”, explica Pedro França. “As escavações do tramo norte ocorrerão sob quatro edifícios. Um deles – o edifício que abriga as salas técnicas da própria estação Paulista – terá suas fundações interceptadas pelo túnel, o que torna necessária a demolição e posterior incorporação das fundações do edifício ao revestimento secundário do túnel. Esta intervenção já estava prevista no projeto original da estação”.
A proximidade do novo túnel aos prédios e à atual passagem, que irá operar normalmente durante as obras, exigiu uma abordagem construtiva especial para evitar a ocorrência de instabilidades e o desenvolvimento de recalques. Foram adotadas medidas como o tratamento de teto com enfilagens autoperfurantes, a adoção de pregagens de frente em quantidades e comprimentos maiores do que o usual e o fechamento do arco invertido próximo à frente de escavação.
Essas medidas tiveram como principal objetivo minimizar o alívio de tensões no maciço, buscando como resultado o desenvolvimento de menores deformações nas estruturas que se encontram acima do túnel. O projeto considerou parâmetros geológico-geotécnicos de obras anteriores.
“Os deslocamentos do túnel de via e da via permanente da Linha 2 serão monitorados de forma contínua e automatizada, com moderno sistema de instrumentação, permitindo acompanhamento contínuo e remoto dos recalques induzidos pelas escavações do Túnel de Ligação”, esclarece o engenheiro.