O complexo viário vai interligar o trecho final da rodovia dos Tamoios (SP-99), em Caraguatatuba, ao centro de São Sebastião e deve desafogar o trânsito urbano entre as cidades. A construção do traçado é considerada um desafio aos profissionais envolvidos, principalmente porque parte das áreas por onde o corredor viário vai ser construído é ocupada por moradores.
“Nós temos algumas dificuldades, já que estamos entre a rodovia Rio-Santos e a Mata Atlântica. Do ponto de vista de engenharia, sempre vamos ter uma supresa – em cada etapa vamos nos deparando com dificuldades naturais. Não tem como passar com rodovia em alguns trechos, por isso, nessa situação a construção de um túnel é mais fácil”, disse o diretor de contrato de obras Paulo Celestino.
A tecnologia utilizada nos novos túneis do litoral norte é a ‘Drill and Blast’, que significa explosão e perfuração. “O tatuzão é para obras metroviárias, aqui por ser obra rodoviária, a largura necessária para construção do túnel é quase o dobro de uma obra metroviária. Sendo assim, a equipe não fugiria dos trabalhos manuais na obra. O método para fazer aqui é com detonação”, explicou o gerente de produção da empreiteira Rodrigo Makassian.
Etapas da obra
O método utilizado pelos engenheiros na construção do túnel prevê o trabalho em seis etapas, sendo que a primeira é cavar a terra e reforçar a sustentação da abertura do túnel. Quando a rocha é alcançada, debaixo da terra, começa a fase de detonação – máquinas furam e injetam explosivos pra que a rocha se quebre no molde do túnel.
Em seguida, os operários reparam as imperfeições e cravam estacas de aço. Por fim, colocam camadas de tela de aço no entorno do túnel e pulverizam camadas de concreto no local. Normalmente, a obra avança quatro metros por dia.
O gerente de produção explica como funciona a etapa de detonação. “Quando é detonado ninguém fica dentro da área do túnel, a gente fecha o portão de entrada da estrutura, evitando problema de ruído e vibração”, informou Makassian.
O trabalho é perigoso, com pouca luz e precisa de muita segurança. Os frentistas de túneis que são católicos só começam o trabalho quando é colocada a imagem da Santa Bárbara, protetora dos tuneleiros, na entrada da estrutura. Antes do trabalho começar, um padre também foi chamado para rezar uma missa e abençoar o local.
“Quando inicia a obra, eles pedem proteção. Santa Bárbara é protetora dos funcionários, por isso, quando eles vão embora, agradecem a ela por mais oito horas de trabalho sem acidente. Ela é obrigatória”, disse João Figueiredo de Alencar, mestre de túnel.
Cerca de 800 pessoas já foram contratadas pela obra, somente neste trecho. Destas, 200 vieram de outras cidades do país. Eles ficam em um alojamento
O frentista de túnel Lindomar da Silva é de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ele diz que só sai do túnel para almoçar e que, por isso passa, a maior parte do tempo no escuro. “É um trabalho que exige muita atenção, passo oito horas dentro do túnel, mas já acostumei”, afirmou. Ele trabalha como frentista de túnel há sete anos – antes, em outras obras.
O túnel é ventilado artificialmente e lâmpadas foram instaladas para que os operários consigam fazer o trabalho.
Obra
A obra faz parte de um pacote do Governo do Estado para o desenvolvimento do litoral norte, que inclui a duplicação da rodovia dos Tamoios e a construção de uma nova serra para facilitar o acesso de caminhões ao porto de São Sebastião.
Os contornos norte (Caraguatatuba) e Sul (São Sebastião) prevêem um investimento total de R$ 1,35 bilhões. No auge da construção do complexo viário devem ter duas mil pessoas trabalhando na obra.
Na obra de duplicação do trecho de Serra da Tamoios serão construídos cinco túneis, um deles deve superar a extensão desse que está sendo construído em São Sebastião, chegando a 3,67 quilômetros de extensão. A entrega está prevista para 2020.
FONTE: com informações do Portal G1 / Foto: Camilla Motta