Engenheiros e especialistas unem forças para viabilizar o projeto de túnel imerso ligando Santos a Guarujá, em São Paulo.
O país ainda está às voltas com o difícil enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, mas a necessidade de pensar o futuro pós-crise já está germinando na mente de empresas, técnicos e investidores. Engenheiros e companhias associadas ao Porto de Santos, que movimenta quase um terço das trocas comerciais do país, uniram esforços para discutir e viabilizar a ligação seca entre Santos e Guarujá, cidades nas quais o porto se espalha por inúmeras docas e instalações de grande porte.
Depois de analisar as opções técnicas colocadas à mesa, esses profissionais e empresários chegaram à conclusão de que o túnel imerso é a opção mais adequada para a travessia Santos-Guarujá e é a que apresenta a relação custo-benefício mais favorável. Esse grupo de profissionais e empresas, do qual participa a Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS), decidiu disseminar essa ideia através de um site a que chamaram de “Vou de Túnel” (www.voudetunel.com.br).
“Estamos convencidos de que o túnel é a melhor opção”, explica o engenheiro Eduardo Lustoza, diretor de Portos da AEAS. “É mais curta, mais rápida, mais sustentável e, principalmente, não interfere no tráfego portuário e no transporte de cargas”. Ele ressalta que essa alternativa, debatida em vários eventos, é também a que faz mais sentido econômico para o Porto e as empresas que nele atuam.
Lustoza lembra que o Porto de Santos pode receber navios e cargas especiais com mais de 80 metros de altura e até plataformas de petróleo no futuro. Os pilares de uma ponte incorporam riscos ao tráfego de navios de grande porte. E a limitação de altura da ponte poderia também impedir a entrada de embarcações mais elevadas, cada vez mais comuns hoje em dia.
A complexidade da obra não assusta os técnicos. “Construir um túnel imerso é como montar um lego no fundo do mar”, explica o engenheiro Tarcísio Barreto Celestino, ex-presidente da Associação Internacional de Túneis e do Espaço Subterrâneo (ITA). “Seria preciso fazer uma dragagem para abrir uma estreita vala no fundo do estuário para apoiar o túnel”.
O projeto do túnel foi inicialmente desenvolvido em 2012 pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário SA), empresa de economia mista com participação do governo do Estado de São Paulo. Mais tarde, em 2019, a Santos Port Authority (SPA), responsável pela administração do Porto de Santos, fez melhorias no traçado e acessos, para reduzir os custos da obra, que passaram a ser estimados em R$ 2,5 bilhões.
Para o Comitê Brasileiro de Túneis, o movimento “Vou de Túnel” está no caminho certo. “Nem sempre a solução subterrânea é a alternativa mais adequada”, lembra o presidente do CBT, Jairo Pascoal Júnior. “Mas no caso da travessia Santos-Guarujá, o túnel imerso é, sem dúvida, a solução que melhor atende a comunidade e o Porto de Santos”.
“Recebemos com grata satisfação o convite dos organizadores do Vou de Túnel para que participássemos do trabalho de conscientização da sociedade e dos formadores de opinião em relação a este projeto”, explica Jairo. “Estamos engajados nesse movimento por acreditar que esta é a melhor solução”.
O Comitê Brasileiro de Túneis é uma entidade de caráter técnico e científico filiada à ITA – Associação Internacional de Túneis e do Espaço Subterrâneo. Ambas as entidades apoiam o túnel imerso para a travessia Santos-Guarujá.