Há dez dias a greve dos caminhoneiros tem afetado a vida de muitos brasileiros, inclusive dos moradores de São Paulo. Apesar de todos os transtornos causados, a paralisação teve um efeito colateral positivo para a cidade. Segundo as medições de duas estações do Sistema de Informações de Qualidade do Ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a emissão de poluentes caiu pela metade nas regiões do Ibirapuera e Cerqueira César. Além disso, durante o sétimo dia de greve, a qualidade do ar em São Paulo foi registrada como “boa” em todas as regiões analisadas.
Crédito da imagem: Roberto Parizotti
Os dados diários sobre a poluição atmosférica medidos durante a greve pela Cetesb indicam que os números oscilaram de acordo com a liberação do rodízio, falta de combustível e a redução da frota de ônibus.
Em evento realizado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP), declarou que houve uma redução de 50% nos índices de poluição na capital paulista. “Esse é um episódio raro e vamos estudar suas consequências na saúde pública”, disse. “Quem sabe essas evidências quantitativas sirvam de argumento para a criação de políticas públicas”.
Pesquisadores do IEA vão elaborar, ainda, análises com os níveis de poluição e congestionamento relacionando com os dados de mortes e internações no período, com o objetivo de entender os impactos da poluição.
Confira a entrevista produzida pela Agência FAPESP com Paulo Saldiva sobre os efeitos da greve na poluição de São Paulo: https://www.youtube.com/watch?v=_3384zfvZK8
Os pesquisadores também tiveram a oportunidade de medir a emissão de poluentes em maio de 2017, quando aconteceu a greve dos metroviários. O nível de poluição na cidade de São Paulo dobrou naquela época. “Quando o Metrô entrou em greve, todo mundo saiu de carro. No dia, houve um excesso de 12 mortes. Então, o Metrô funciona como um redutor da poluição”, disse o diretor do IEA. Saldiva também destacou que a redução do tráfego, observada durante a greve dos caminhoneiros, deve diminuir o número de óbitos na cidade e que os próximos relatórios poderão confirmar esse fato.
Confira a reportagem completa da Agência FAPESP sobre os efeitos da greve dos caminhoneiros na poluição de São Paulo: http://agencia.fapesp.br/poluicao_em_sao_paulo_diminuiu_pela_metade_com_greve_dos_caminhoneiros/27927/